Robalo a conta-gotas

Sábado o cenário era fantástico

Os últimos dias têm sido de grande esperança, o mar acalmou finalmente e desde 6ª feira que as condições para spinnar têm sido razoáveis, e digo razoáveis porque o peixe insiste em andar foragido das nossas praias, fazendo cair por terra toda a esperança que alimentou insistentes idas ao mar.

Tomando em consideração todas as previsões Sábado era dia de apostar, não fosse também o inicio de mais um fim-de-semana e estavam combinadas duas sessões, uma de manhã e outra ao fim do dia.


De manhã encontrei me com o Paulo, tínhamos passado os últimos dias a falar desta acalmia do mar que iríamos ter no fim-de-semana, a esperança de se tirar um peixe era grande e bem cedo começamos a lançar as nossas amostras nas ondas, calcorreando os locais que tão bem conhecemos.

Era ainda noite, a luz do dia ainda iria demorar e sem vermos onde a amostra caía lançávamos naquela escuridão na esperança que um cabeçudo viesse ao nosso encontro para nos fazer correr a adrenalina nas veias por alguns instantes.

O mar estava com óptimo aspecto, ainda pouco podíamos ver mas percebia-se que estava fantástico, não era para mais, tinha caído para 1,4m e a ondulação vinha certinha com um período curto tal como estava previsto, sinónimo de peixe na costa.

Fomos sondando alguns spots, a maré estava nas duas últimas horas da enchente e o dia ainda tardava para nascer num céu encoberto de nuvens, insistíamos e jogávamos no escuro as nossas melhores apostas, mudávamos de cor, insistíamos e nada, nada, nada e mais nada... Parecia impossível.

Com o nascer do dia fomos percebendo a cor da água, tal como previsto estava óptima  num tom esverdeado, a meio caminho entre lusas e tapadas, no ponto de rebuçado para dar um peixe, a esperança era grande e a vontade comandava os nossos lançamentos.

Colocávamos as amostras nos pontos quentes de cada spot mas na verdade não tínhamos sinais deles, não os víamos correr nas ondas nem sentíamos qualquer toque, parecia impossível, um cenário fantástico e nada de nada!

Entretanto o Carlos apareceu e juntou-se a nós, mas mesmo com mais um a ajudar não dávamos com eles ou então eram eles não queriam aparecer.

O tempo para mim estava contado, às 9 tinha compromissos, por isso não poderia ficar a manhã toda e já vislumbrava mais uma grade neste início de ano que tem sido bem pesadinho.

Entretanto o Paulo chama por mim e saca de uma amostra que eu lhe tinha pintado já há algum tempo... "vou pescar com esta, está um bom dia para a experimentar..." a amostra tinha sido recuperada por mim, pintada numa cor pensada para dias como o que tínhamos pela frente e assentava como uma luva naquele cenário e respondi ao Paulo, "...agora lixaste-me bem... Olha que vais tirar um peixe com isso...".

Fizemos mais uns lançamentos naquele spot e depois mudamos, fomos explorar outras pedras onde a água tinha um aspecto fantástico.

O local era mais fundo e apostei num vinil, o Paulo continuava com a amostra pintada por mim e lá metemos as amostras de molho.

Pouco tempo tinha passado e ouço o Paulo, PEEIIIIIIXXXEE, tinha um robalo na ponta da linha e pelo bater da cana era um bom peixe.

O problema agora era cobrar aquele peixe, depois de uma luta jeitosa o Paulo com ajuda de um par de ondas coloca o peixe a seco numa zona de escoa, onde as pedras pareciam untadas com óleo, mas conseguimos rapidamente colocar o grip na boca do peixe.

Era um belo peixe acima dos 60cm, tinha atacado a amostra já nos últimos metros e dado uma boa luta, o Paulo mais uma vez tinha conseguido tirar um robalo da cartola e eu tinha razão, aquela amostra tirava peixe naquele cenário.

Aqui está o Paulo com esse belo Robalo.

Pouco depois dei o dia por encerrado enquanto o Paulo e o Carlos continuavam a pesca mas sem mais nenhum encontro imediato de ultimo grau, os robalos andam envergonhados, provavelmente com muita comedia ao largo, continuam a não encostar com a força que esperamos, este inverno os robalos andam a conta-gotas.