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2017/02/09

Como escolher uma cana para spinning? 1º As características

Que cana devo comprar, esta é questão que muitos de vós me coloca e a principal duvida de quem quer pescar e não sabe bem que material comprar, tal é a diversidade que existe no mercado.

Vou tentar criar um artigo com um leque de opções para cada situação de pesca, mas primeiro gostava de esclarecer alguns pontos que acho fundamentais para perceberem o que precisam e começarem a pensar pelas vossas cabeças, vamos por partes, em primeiro lugar vamos às especificações.



A primeira coisa a definir é simples... "Uma cana de spinning serve para pescar um determinado peixe, com uma determinada amostra (isco artificial), num determinado local.

Então temos aqui 3 variantes a considerar na nossa escolha, o peixe, a amostra e o local e o que devemos fazer é definir essas três variantes sempre que precisamos de uma cana.

Os  principais produtores de canas mundiais determinaram um conjunto de especificações que permitem classificar as canas quanto à sua utilização nas combinações possíveis de peixe/amostra/local.

Assim as principais especificações de uma cana de spinning a considerar são o Comprimento, a Acção, o CW - Casting Weight (peso de laçamento), a Linha maxima e a Potencia.

Por cá faz-se muita confusão com estas características, principalmente confunde-se acção com cw e com potência quando na verdade são coisas completamente distintas, mas vamos por partes.


O comprimento

O comprimento é a especificação de uma cana mais simples, normalmente no spinning de costa procuram-se comprimentos entre 2,4m e 3,6m, sendo as medidas mais comuns 2,7m 3m e 3,3m.

O principal erro aqui pode estar na escolha do comprimento para determinado spot ou zona de pesca mais especifica pensando em primeiro lugar na distância de lançamento e em lançar longe, o que é o primeiro erro na escolha de uma cana.

O comprimento é importante para lançar, mas o lançamento não é a principal razão da escolha de um comprimento de uma cana.

Costumo dizer que uma cana deve ser sempre o mais curta possível, umas vezes o mais curto possível será 2,4m outras vezes 3,6m, dependendo sempre do pesqueiro e do mar.

Por isso o comprimento da cana deve ser escolhido em função das zonas por onde vamos pescar, pelo tipo de mares e só depois pela necessidade de lançar.

Nos pesqueiros de pedra são necessárias canas mais longas para controlar a amostra na sua recolha evitando prisões, ao mesmo tempo um maior comprimento da cana facilita o combate com um peixe de maior porte ao evitar que a linha toque as pedras ou permitindo manter melhor o peixe sem o deixar afundar ou entocar.

Por outro lado nos pesqueiros de areia deixamos de ter amostras a prender nas pedras e podemos lutar com qualquer porte de peixe sem receio de ferir linhas ou que o peixe entoque.

Por isso nestes pesqueiros menos complexos os nossos receios são muito menores e devemos escolher uma cana mais curta, dando-se prioridade ao conforto e às animações.

Canas mais curtas são sempre mais sensíveis e mais maneáveis, permitem um maior controlo da amostra, uma maior sensibilidade e com isso uma maior diversidade de animações, sem o desconforto que uma cana maior poderia causar.

Por vezes vejo pescadores preocupados com o comprimento da cana para melhorar e/ou aumentar os lançamentos quando esse é o caminho mais longo.

A coisa mais sensata e económica a fazer é aprender a lançar, sim aprender a lançar, melhorem o vosso lançamento e consigam aumentar gradualmente as distâncias.

Vejam vídeos (os japoneses são exímios no lançamento), aprendam com os mais experientes e pratiquem as técnicas correctas.

Mudar para uma cana mais longa só servirá para mascarar esses problemas.

Por isso devemos escolher canas longas para zonas de pedra e mares mais fortes e escolher canas mais curtas para zonas de areia e mares mais calmos.


A acção

A acção de uma cana é a capacidade com que a cana recupera a sua posição inicial após ter sofrido uma deformação, por um lançamento ou por animação de uma amostra, propriedade que se manifesta nos 2 terços ou 3 quartos superiores da cana.

Potencia e Acção são coisas distintas
A acção de uma cana vai desde lenta (slow), regular(moderate), regular-rápida (Mod-fast), rápida(fast) até extra-rápida
(extra-fast),

 O tipo de acção de uma cana é importante para trabalhar correctamente as amostra e é importante na ferragem.

Acções mais rápidas devem ser usadas em amostras com um só anzol como vinis e zagaias.

Canas com acções mais rápidas são mais sensíveis, permitem animações mais cuidadas e permitem uma maior capacidade de ferragem que é muito importante quando pescamos com amostras de um só anzol, vinis e zagaias requerem uma ferragem mais rápida e se a cana for lenta a ferragem pode falhar.

Acções mais lentas são importantes para trabalhar bem amostras com pala equipadas com triplos, se a acção for muito rápida não deixa liberdade à amostra na natação acabando por cortar a natação provocando o arrasto da amostra.

Por outro lado as amostras com triplo precisam de maior tempo para uma ferragem eficaz pelo que as acções mais lentas facilitam a ferragem destas amostras, ao mesmo tempo por serem mais lentas permitem combates mais fortes sem arrancar as amostras da boca do peixe.

Uma das queixas normais no spinning é um pescador dizer que perde peixe com uma cana nova, pois bem, se perdem peixe com amostras de pala com fateixa é porque a cana não absorve suficientemente a energia do peixe e arranca a amostra da boca ao peixe, assim mudem para uma cana mais lenta. Se perdem peixe com vinis ou zagaias é porque a cana não consegue ferrar com rapidez necessária o anzol e por isso devem mudar para uma cana mais rápida.

Outra das queixas comuns é o peixe abrir as fateixas, sinónimo que estão a usar uma cana que não absorve suficientemente a energia por ser rápida de mais para isso, uma cana mais lenta absorve mais energia e com isso não força tanto a fateixa.


O "Casting Weight" ou CW

O peso de lançamento - CW (Casting Weight) é a especificação que indica qual o peso de amostras que uma cana pode lançar, normalmente um intervalo entre valor mínimo e máximo.

As amostras para determinada espécie estão sempre limitadas num intervalo, por exemplo é comum usar-se amostras rígidas para robalo entre as 12g e as 33g, vinis entre as 12g e as 35g ou zagaias entre as 33 e as 80g.

No spinning de costa mares mais pesados pedem amostras mais pesadas, mares mais calmos e zonas estuarinas pedem amostras mais leves.

Assim a escolha do CW é simples, basta sabermos com que amostras vamos pescar para determinarmos qual o intervalo ideal de peso de lançamento que devemos usar.

Por exemplo quem usar muito amostras um cw 7~35g pode ser suficiente para zonas estuarinas ou praias com mares mais calmos, enquanto um cw 10~45g será ideal para quem pescar muito com amostras e vinis enquanto que uma um cw entre 12~60g será mais polivalente permitindo muitas amostras, vinis e mesmo zagaias medias.

Aqui o grande problema que um pescador encontra na maioria das canas é que os valores de CW não correspondem à realidade, existem modelos à venda no mercado nacional que marcam 15~60g quando não passam de 10~45g enquanto outros são mais 20~80g.

Uma forma simples de validar o CW da nossa cana é colocar a cana apoiada na horizontal e depois carregar a linha até atingirmos um peso que dobre a ponteira da cana de forma a fazer um angulo de 90º entre a ponteira e o cabo.

Quando isso acontece podemos usar o valor desse peso para calcular o cw máximo da cana que será igual a esse peso a dividir por 50.

Por seu lado o CW mínimo será igual a ao mesmo peso a dividir por 250.

Por exemplo se uma cana flecte até aos 90º com 3000g o CWmax=3000/50=60g por seu lado o CWmin=3000/250=12g.

Com isto podemos também definir a carga máxima ideal que poderemos carregar/pegar com a cana, por exemplo uma cana com CWmax de 60g não deve ser carregada com mais que 3Kg que foi o peso que a colocou a fazer um angulo de 90º.


A potência

A Potência de uma cana refere-se à capacidade de combate da cana, normalmente manifestada nos dois terços inferiores da cana.

A Potência tem a ver com o nervo ou como dizem os britânicos o "back bone" da cana, quanto mais potente a cana maior é o peixe que podemos pescar com uma cana, pois permite um maior combate.

Por outro lado há pesqueiros que necessitam de maior potência como é o caso dos pesqueiros em zonas rochosas difíceis, enquanto há outros pesqueiros que permitem "brincar" mais com o peixe e com isso a utilização de potências mais baixas como é o caso dos estuários ou os spots em zonas de areia.

A Potência varia desde L - Light, LM, M-Medium, MH, H-Heavy, XH ou HH -Extra Heavy, devendo ser escolhida em função do tipo de peixe e pesqueiros onde vamos utilizar a cana.

Por exemplo as canas para robalo podem varia desde M, MH a H enquanto uma cana para lirios ou xaréus já terá que ser uma cana mais potente por isso será necessária uma cana H ou HH

Da mesmo forma se vamos pescar robalos em zonas de pedra iremos necessitar de maior potência, MH seria uma boa opção enquanto que em zonas de areia uma potência M seria suficiente.

Por tudo isto a potencia terá que ser decidida em primeiro lugar em função do peixe que vamos pescar e depois devemos considerar os locais onde iremos pescar.

A linha

A Linha refere-se ao valor máximo de espessura de linha que podemos usar numa cana sem que ela se parta, ou seja é um valor inferior ao valor de rotura da cana e é de grande utilidade porque serve para protegermos as nossas canas, desta forma pode partir a linha mas nunca a cana.

O grande problema é que a maior parte das canas à venda no mercado nacional não fazem qualquer referência à Linha máxima admissível para a cana e com isso o pescador usa a linha à sua vontade e por vezes tem o dissabor de partir uma cana por estar a usar uma linha forte de mais para a cana.

Neste ponto devo referir que a maior parte das canas Japonesas já trazem um valor de Linha máximo a utilizar na cana, seria bom que todos os fabricantes escrevessem essa especificação nas canas.

Normalmente vem escrito nas canas um valor de linha PE que é uma classificação japonesa (ver tabela ao lado) e com isso o pescador não tem motivo para usar uma linha superior que colocaria em risco a integridade da cana.

A linha máxima admissível é importante na escolha de uma cana porque essa especificação indica-nos que linhas podemos usar com a cana e se está apta para pescar um determinado peixe.

Assim o valor de linha máxima de uma cana é uma especificação que nos informa até que linhas podemos pescar com determinada cana, sem colocarmos em risco o seu blank.

Por exemplo se vamos pescar trutas precisamos de uma linha de PE#0.6 a PE#1.2 mas se vamos pescar robalos convém irmos precavidos com uma linha mais forte por exemplo uma PE#1.5 ou mesmo PE#2.0, devendo escolher uma cana que suporte essas linhas.


Agora que já temos noção do que significa cada especificação de uma cana vamos tentar relacionar essas especificações de forma a criar uma tipologia de cana ideal para cada tido de situação de pesca, considerando o spinning aos robalos e o trinómio peixe/amostra/spot, mas isso será a parte 2 deste artigo, entretanto o mar levanta estes dias e cai abruptamente no domingo, que será uma bom dia de pesca, por isso divirtam-se!!

8 comentários:

  1. Estar de regresso a Portugal, à procura de passar o tempo entre ligações aéreas, e ler este post, foi algo sublime!!
    Alguns detalhes são verdades adquiridas e fáceis de apreender. Mas outros pormenores, não são da consideração de todos no momento de adquirir uma nova vara, e requerem uma maior reflexão.
    Claro que haverá sempre gente que não quererá saber destes "pequenos" detalhes e apenas irá comprar a cana que a loja que frequenta lhe "vender", ou aquela cana que melhor for publicitada pelos blogs que visita!
    Ou ainda, aquela que ouviram dizer que tira mais peixe que as outras!!!!
    Se quiserem pescar por pescar, comprem qualquer merda!!
    Se realmente quiserem fazer a coisa de uma forma acertiva, cuidada, e sustentada, leiam este post (entre outros)!
    Comprar uma cana é como comprar uma ferramenta!! Tem de servir o seu propósito adequadamente!!
    Se o propósito é ir até ao mar e lançar amostras à espera que o peixe pique, então, qualquer coisa serve!!!
    Um abraço!

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  2. Boas Armando,
    Excelente artigo que tira qualquer dúvida que persista em relação à escolha do correto equipamento a comprar (algo que lhe perguntei há bastante pouco tempo ... :-) ).
    São estes detalhes que realmente podem fazer a (grande) diferença na experiencia de pesca e nos resultados obtidos. Nos próximos dias, domingo incluído, o trabalho fala mais alto e terei que aguardar por outras alturas para esticar as linhas. Até lá, um forte abraço.
    Carlos Veiga

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  3. Boa tarde Armando
    Moro na Praia de Angeiras ali ao lado de Leça da Palmeira. È uma zona de mar bravo e com muitas rochas.
    Vou começar com a pesca aos robalos na modalidade de Spinning e como não sei o que comprar, muito lhe agradecia o favor de me indicar com precisão todo o material assim como as respectivas marcas e referências que julgue apropriado.
    Em resumo, como se fosse para o amigo, qual a cana, carreto filamento, amostras que devo comprar?
    Muito obrigado
    Cumprimentos

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    1. Olá bom dia, entre em contacto através do mail acima com as suas duvidas. Escolher material para quem vai inicar não é tarefa fácil, existe muito por onde se escolher, mas posso dar umas dicas.
      Angeiras é um bom ponto de partida para iniciar umas pescas, ai costuma dar uns bons robalos. Essa é uma das zonas é por onde costumamos andar, de Leça até Labruge são muitos km de bons spots.
      Abraço.

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  4. Bom dia Sr Armando

    Muito bons os dois artigos que escreveu.
    Tirei todas as duvidas que tinha em relação a cana que devo comprar. Mas os sites como disse num dos artigos não tem a informação toda das canas por isso peço a sua ajuda na compra de uma.
    Eu pesco em zonas de muita rocha então preciso de uma cana:
    Rápida / Fast
    7/45G / 10/60G
    Fio 0.2 / 0.4
    Heavy
    Cana de 3.00m
    Que cana posso comprar dentro destes valores 100€ a 150€

    Muito obrigado
    Hugo capela


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    1. Olá Hugo Capela,
      Se pesca em zonas de muita rocha, a cana ideal deverá ter:
      Cerca de 3m a 3,3m e de resto tudo como indicou.
      Falta saber com que pretende pescar, vou partir do principio que é com amostras, zagaias ligeiras(até as 40g) e vinis, logo necessita de um cw 10-45g ou 12-60g se não for muito real.
      Uma cana Heavy poderá ser rija suficiente para o combate mas perde na animação, eu ia preferir uma MH que propriamente um H, nunca fui adepto do forte e feio, gosto de material suficientemente forte, o H pode ser demais, isto porque nem todas as marcas tem o mesmo H.
      Nos valores que indica há muitas opções, não serão as melhores mas estão todas no mesmo nível pelo que o melhor é verificar modelo a modelo, nas lojas ou junto dos amigos e se possível experimentar, note que existem existem muitos modelos e nem todos estão correctamente desenhados nem com as especificações correctas pelo que o melhor é mesmo tentar experimentar e perceber se a cana cumpre.
      Aconselhei um amigo a uma Daiwa Seabass Hunter à pouco tempo e a cana pareceu-me bao para o valor que apresenta no mercado, mas tem que experimentar e verificar, nesse valor é um pouco mais difícil escolher pela quantidade de oferta.
      Se tiver mais duvidas entre em contacto via mail.
      Cumprimentos

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  5. ola boas estou a iniciar a pesca spinning onde me foi oferecida uma cana da Daiwa Procaster A AX MH acao 7-28 com 2.44 mts pesco na zona da povoa de varzim na tua opiniao e uma cana certa para ussar vinil Savage Gear Sandeel

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    1. Considerando que esses vinis tem normalmente 21g a 28g de cabeçote mais 7 a 12g de corpo já não tem cw na cana que chegue, essa cana é boa para amostras pequenas e águas interiores, para mar necessita de outro tipo de canas como está explicado acima.

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